quinta-feira, 20 de setembro de 2012

A IGUALDADE


                                                                           

                                                                                                      Para Luiz Felipe Pondé

Meretriz de longa crina, a treva penteada descendo pelas espáduas
A túnica colorida de aurora moldada ao volume dos seios
Longa seda como véu cobrindo a face
Todo o fulgor da auréola emanando Morte

Crianças brincam com um AK-47 na favela,
               todas gritando vosso nome
Velhos costuram a boca de um professor ranzinza
Pancadões orquestram o ritmo da lobotomia

Não há asilo para mulheres fúteis, poetas místicos & sacerdotes arrogantes

A deusa quer as vozes equalizadas, nada dissonante ou disforme
O Caos é Moema
A Virtude mora no subúrbio

Eu vi raios de sol fuzilando jovens
Mãos justas estrangularam Jesus

Nada é mais puro que a Senhora das Medidas
                Sua vagina recebe Barrabás ensanguentado pela luta

Mulher, eu sei que tens um preço, eis esse holocausto, abraça-me!
Um século de amor contigo & já não há uma mancha na moral do mundo
Vosso é o reino da Pureza
Vosso é o poder da Vida
Vossa é a glória da Razão

Nem o Pai poderia contra vossa força

Iluminais o cosmos cegando todos os que vos indignam
A fogueira para eles
O paredão para eles
O cadafalso para eles
A guilhotina para eles

Em busca do homem perfeito
sacrificarás a Humanidade, vadia


                                                               Manifesto contra
                                                               a vida no formigueiro

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